O polivalente atleta Breno Viola
deu mais um passo na sua vitoriosa carreira como judoca. No mês passado, o
atleta com Síndrome de Down prestou o exame e chegou ao terceiro dan.
“Estou muito feliz, é uma
experiência sensacional. Queria agradecer ao Marco Aurélio Gama pelo carinho e
também à comissão de grau, principalmente aos professores William e Zequinha”,
comenta Breno.
A caminhada do atleta no esporte
começou aos 3 anos de idade, em forma de brincadeira com a família. O menino
cresceu e descobriu que tinha talento para o judô. Em 2002, tornou-se o
primeiro brasileiro com Síndrome de Down a conquistar a faixa preta. Em 2006,
conquistou o ouro na categoria -66kg e um bronze na categoria absoluto no “Judô
For All”, disputado na Itália. Em 2011, foi quarto colocado no "Special
Olympics Summer Games", as Olimpíadas das pessoas com deficiência
intelectual, realizado na Grécia. Um exemplo de luta contra o preconceito.
“Eu nunca tive isso na minha
cabeça. Se eu sou bom de judô, sou bom de judô. As crianças deveriam se mirar
no meu exemplo: praticar esportes, sair da rua. Basta acreditar no seu sonho
que você consegue", afirma Breno, que agora busca a classificação para a
próxima edição do Special Olympics, que será disputado em Los Angeles em 2015.
E Viola segue à risca o seu
próprio conselho. Além de judô, o atleta também já foi praticante de jiu-jitsu,
de natação e vela, além de fazer aulas de dança por mais de uma década.
"Breno é um exemplo de busca
pela igualdade. Ele é expecional sim, na concepção maior da palavra, no sentido
de ser uma exceção. É um grande desportista e, para nós, é um exemplo de
vida", afirma Ney Wilson, coordenador da seleção brasileira de judô e
ex-técnico de Viola.
Breno também é ator (é um dos
protagonistas do filme “Colegas”), escreve para um blog e é árbitro estagiário.
"Eu trabalhei muito a
auto-estima dele, conversei com os irmãos e disse que o Breno tinha que se
sentir muito seguro, tranquilo, amado e protegido. O Breno foi educado sem pena
e com rigor. E acho que essa atmosfera o ajudou a conquistar tudo isso e fazer
do Breno uma pessoa feliz. Esse foi meu objetivo primeiro quando ele nasceu.
Pedi a Deus: me ajuda a fazer o Breno feliz ", diz Suely Viola, mãe de
Breno.
Mas quem pensa que o atleta de 32
anos está satisfeito com as realizações até agora está enganado. Breno continua
sonhando e já traçou uma meta ambiciosa: participar dos Jogos Paralímpicos. Por
enquanto, não há uma categoria no judô para pessoas com deficiência
intelectual. Atualmente, a modalidade é disputada no evento somente por pessoas
com deficiência visual.
“A deficiência intelectual voltou
a ser contemplada nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012. Em Atenas 2004 e
Beijing 2008, pessoas com esta deficiência não participaram dos eventos. O
retorno em Londres envolve uma nova formatação dos processos de avaliação dos
atletas, buscando maior igualdade de condições na competição, o que, de fato,
para o judô é algo muito positivo. Temos o Breno hoje como embaixador do Judô
para Síndrome de Down e da luta pela abertura da sua classe nos Jogos
Paralímpicos. Quem sabe em 2016 o Judô para a classe de deficientes
intelectuais não possa estar como uma modalidade de apresentação?”, comenta Leonardo
Mataruna, ex-técnico de Breno e especialista em esportes e atividade física
motora adaptada para pessoas com deficiência.
“Gostaria muito de participar dos
Jogos Paralímpicos, seria interessante representar meu país. Tenho o sonho de
conquistar mais coisas”, disse Breno Viola.
E que ninguém duvide dele.
Fonte: http://www.cbj.com.br/
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