quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

PRINCÍPIOS E PROPÓSITOS DO JUDO




JUDO COMO EDUCAÇÃO FÍSICA

Incentivado pelo sucesso de aplicar o princípio da máxima eficiência às técnicas de ataque e defesa, então questionei se o mesmo princípio não poderia ser empregado para melhorar a saúde, ou seja, ser aplicado à educação física.

Muitas opiniões foram formuladas para responder a questão: qual é o propósito da educação física? Após dispensar a esse assunto uma quantidade infindável de ponderações e fazer inúmeros intercâmbios com outras pessoas instruídas e cultas, conclui que seu propósito é tornar o corpo forte e saudável, ao mesmo tempo em que se constrói o caráter da disciplina mental e moral. Tendo esclarecido o propósito da educação física, vamos ver como os métodos comuns desse processo obedecem os princípios da máxima eficiência.

As vias pelas quais as pessoas treinam seus corpos podem ser muitas e das mais variadas formas mas, invariavelmente, elas caem em duas categorias gerais: esportes e ginástica. É difícil generalizar sobre esportes, desde que existem muitas modalidades diferentes e elas compartilham de uma importante característica : são de natureza competitiva. O objetivo imaginado para eles não tem sido de favorecer o desenvolvimento físico balanceado ou garantia de saúde. Inevitavelmente, alguns músculos são, consistentemente, forçados ao trabalho enquanto outros são negligenciados. No processo, algumas vezes são produzidos danos em várias partes do corpo. Muitos esportes não podem ser totalmente considerados como educação física, de fato, deveriam ser descartados ou melhorados, porque falham no uso mais eficiente da energia física e mental e impedem o progresso para atingir o objetivo de promover saúde, força e benefícios.

Em contraste, a ginástica deve ser prontamente considerada como educação física. A sua prática não é lesiva ao corpo, geralmente, é benéfica à saúde e promove o desenvolvimento equilibrado do corpo. Contudo, a ginástica, tal como praticada hoje, apresenta falhas em dois aspectos : interesse e utilidade.

Existem muitas formas mais atraentes pelas quais a ginástica pode ser praticada. Dentre elas, uma forma que eu defendo é constituída do grupo de exercícios que tenho executado experimentalmente. Cada combinação de movimentos dos membros, pescoço e corpo é baseada no princípio da máxima eficiência e representa uma idéia, compondo uma série de exercícios que promove, efetivamente, o desenvolvimento físico e moral harmonioso. Um outro conjunto de exercícios que eu criei, o SEIRYOKU-ZEN-YO KOKUMIN TAIIKU (Educação Física Nacional de Máxima Eficiência) é praticado na Kodokan. Seus movimentos não somente levam ao desenvolvimento físico equilibrado mas, também, proporcionam o treinamento básico de ataque e defesa.

Para a educação física ser, verdadeiramente, efetiva ela deve estar baseada no princípio do uso eficiente da energia física e mental. Estou convencido de que os avanços futuros na educação física estarão em conformidade com esse princípio.


DOIS MÉTODOS DE TREINAMENTO

Até aqui tenho abordado os dois principais aspectos do treinamento do judô: desenvolvimento do corpo e treinamento das formas de ataque e defesa. Os métodos de treinamento fundamentais para ambos os propósitos são: KATA E RANDORI.

KATA significa "forma" : é um sistema de movimentos pré-arranjados que ensinam os fundamentos de ataque e defesa. Em adição às projeções e retenções (também praticadas no Randori), ... inúmeras outras técnicas. Isso só utilizado no Kata porque esse treinamento se trata de praticar movimentos pré-arranjados e cada um dos parceiros sabe o que o outro irá fazer, antecipadamente.

RANDORI significa "prática livre": os praticantes, aos pares disputam um contra o outro como se estivessem em competição. Eles podem projetar, imobilizar, “asfixiar” e aplicar chaves de braço, mas não podem dar pancadas, chutes e empregar outras técnicas.... As principais condições no randori são que os participantes tomem cuidado de não causar lesões um ao outro e que sigam a etiqueta do Judô, que é obrigatória para quem deseja obter o máximo benefício de randori.

O randori pode ser praticado tanto como treinamento dos métodos de ataque e defesa ou como educação física. Em ambos os caso, todos os movimentos são feitos de conformidade com o princípio da eficiência máxima. Se o objetivo é treinamento em ataque e defesa, a concentração na execução adequada das técnicas é suficiente. Mas além disso, randori é ideal para cultura física, desde que envolve todas as partes do corpo e tal como a ginástica, todos os seus movimentos devem ser intencionais e executados com esse espírito. O objetivo desse treinamento físico sistemático é aperfeiçoar o controle sobre a mente e o corpo e prepara o indivíduo para enfrentar qualquer emergência a um ataque, acidental ou proposital.


TREINANDO A MENTE

Ambos, Kata e randori são formas de treinamento mental mas, dentre, eles, o randori é mais eficiente.

No randori , o indivíduo deve explorar as fraquezas do oponente e estar pronto para o ataque, com todos os recursos disponíveis que o momento e a oportunidade se apresentam, sem violar as regras do Judô. Praticando o randori , o estudante tende a tornar-se mais sério, determinado, sincero, atento, cauteloso e deliberado na ação e, ao mesmo tempo, ele ou ela aprende a valorizar e tomar decisões rápidas e agir prontamente, quer para atacar ou defender. Não há lugar no randori para indecisões.

No randori o indivíduo nunca pode estar seguro de qual a próxima técnica que o oponente vai empregar, por isso deve estar constantemente em vigília. O estado de alerta torna-se sua segunda natureza. O indivíduo adquire estabilidade emocional pela autoconfiança adquirida do conhecimento de que ele está preparado para qualquer eventualidade. O poder de atenção, observação e imaginação, bem como, de raciocínio e julgamento são, naturalmente, intensificados pelo treinamento e estes atributos são úteis tanto na vida diária como no dojo.

Praticar o randori é conhecer as complexas relações físico-mental existentes entre os companheiros. Centenas de valiosas lições podem ser extraídas deste estudo. No randori aprendemos a empregar o princípio da máxima eficiência, mesmo quando podemos, facilmente, sobrepor um oponente. Naturalmente, é muito mais precioso vencer um oponente com a técnica adequada do que com a força bruta. Essa lição é igualmente aplicável na vida diária: o praticante deve compreender que a persuasão suportada por argumentos lógicos (bom senso) é, no final das contas, mais efetivo do que o uso da força.

Uma outra consideração sobre o randori é de aprender a aplicar a quantidade certa de força, nem muito nem pouco. Nós temos conhecimentos de pessoas que falharam nos seus objetivos porque não mediram apropriadamente a quantidade de esforço requerido. Num extremo, eles ficam aquém do alvo e, no outro não sabem quando parar.

Ocasionalmente, enfrentamos um oponente que é obsessivo no seu desejo de vencer. Para tanto devemos ser treinados a não resistir diretamente pelo uso força mas para disputar com o oponente, até que sua agressividade e força fiquem exauridos. Aí, então devemos aproveitar a oportunidade para atacar. Essa lição pode ser empregada, sempre que encontramos pessoas agressivas, em nossa vida diária e desde que nenhum argumento surtirá efeito contra elas, tudo que podemos fazer é esperar que se acalmem.

Há diversos exemplos de contribuições que o randori pode dar para o treinamento intelectual da mente dos jovens

TREINAMENTO ÉTICO

Vamos ver agora as vias pelas quais podemos obter uma compreensão do princípio da máxima eficiência que constituí o treinamento ético.

Há pessoas que são de natureza facilmente excitável e se tornam agressivas pela mais trivial das razões. O Judô pode levar essas pessoas aprender a se controlar, através do treinamento e, rapidamente, elas entendem que a agressividade é um desperdício de energia que causa efeitos negativos em si próprio e nos outros.

O treinamento de Judô é, também, extremamente benéfico para aqueles com ausência de confiança em si próprio, devido a falhas no passado. O Judô nos ensina a escolher o melhor curso possível de ação, qualquer que sejam as circunstancias individuais e ajuda-nos a compreender que a ansiedade é uma perda de energia. Paradoxalmente, um indivíduo que falha e outro que atinge o máximo do sucesso estão exatamente na mesma posição, pois cada um deve decidir o que fará a seguir: escolher o caminho que o levará ao próximo passo. Numa primeira instância, os ensinamentos de Judô dão a cada um o mesmo potencial de sucesso, procurando conduzir o indivíduo e sair da letargia e desapontamento, para estabelecer uma atividade vigorosa.

Outros tipos que podem se beneficiar da prática do Judô são os cronicamente descontentes que, prontamente, culpam outras pessoas por aquilo que é realmente devido a sua própria falha. Essas pessoas devem entender que a constituição negativa de sua mente vai contra o princípio da máxima eficiência e que viver em conformidade com esse princípio é a chave para atingir um estado mental de visão avançada.

ESTÉTICA

A prática do Judô traz muitas satisfações: o prazer de sentir o exercício conduzido aos músculos e nervos, a satisfação de dominar os movimentos e a alegria de vencer sua competição.

Não menos que isso, tem-se a beleza e o encanto de executar técnicas elegantes e a opção de obter outras performances significativas. Essa é a essência do lado estético do Judô.

Fonte: www.cbj.com.br

sábado, 12 de janeiro de 2013

Judocas embarcam para o Festival Olímpico da Juventude na Austrália



Os dez atletas selecionados para representar o Brasil no 6º Festival Olímpico da Juventude embarcaram para a Austrália nesta sexta-feira. Para a maioria dos atletas vai ser a primeira oportunidade de lutar contra competidores de fora da América Latina, uma excelente de adquirir experiência.

“Participar desse campeonato vai ser muito importante para estes jovens atletas, especialmente para os que não fazem parte das nossas seleções de base. A estrutura oferecida para os treinamentos e para a viagem é muito boa, a mesma que vai ser disponibilizada para os atletas da seleção sênior”, explicou Andrea Berti, técnica da seleção de base e que, ao lado de Fulvio Miyata, vai acompanhar os judocas brasileiros no país da Oceania.

Ao todo, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) enviará uma delegação de 67 atletas da nova geração para representar o país na Austrália. Está é a primeira vez que o Brasil participa da competição, que reunirá cerca de 1700 jovens talentos de 30 países com idade até 18 anos, de acordo com cada modalidade. O Brasil disputará cinco esportes (atletismo, canoagem, judô, lutas associadas e natação) no Festival Olímpico que acontece de 16 a 20 de janeiro nas mesmas instalações esportivas onde ocorreram os Jogos de Sidney 2000. Os atletas realizaram nesta quinta-feira, dia 10, o último treinamento antes da viagem e o embarcaram na madrugada desta sexta-feira, dia 11. A delegação terá como Chefe de Missão a diretora cultural do COB, a ex-nadadora Christiane Paquelet.

“Estamos muito orgulhosos com o convite do Comitê Olímpico Australiano para participar do evento. É um reconhecimento ao trabalho do COB com as Olimpíadas Escolares e uma excelente oportunidade para os nossos jovens atletas adquirirem experiência esportiva internacional esportiva, além da chance que terão de conhecer outra cultura”, explicou Christiane.

A expectativa para a competição internacional é grande entre os promissores atletas do Time Brasil.

“Tive um ano de 2012 muito bom. Foi uma surpresa a convocação nas Olimpíadas Escolares. Fiquei muito feliz e agora quero elevar meus objetivos. Esta competição na Austrália é tudo para mim. Representar o Brasil é uma grande honra e eu quero fazer isso da melhor forma possível” afirmou a judoca Gratychewa Farias (categoria até 63kg), 16 anos, natural do Mato Grosso do Sul.

De acordo com o COB, entre os destaques da delegação brasileira estão Vitor Guaraldo dos Santos e Matheus Santana da natação; Isaquias Queiroz da canoagem e Laís Serinoli do atletismo. No judô, Gabriela Clemente (48kg), Ariel Alencar (60kg) e Luan Rodrigues (66kg) foram citados pelo Comitê porque, além da boa participação nas Olimpíadas Escolares, foram campeões brasileiros e Pan-americanos Sub-15 no ano passado.

“A prioridade foi selecionar os atletas nas Olimpíadas Escolares realizadas em Cuiabá. No entanto, também levamos em consideração atletas que obtiveram bons resultados esse ano nos Campeonatos Brasileiros sub-15 e sub-17, nas Olimpíadas Escolares de Poços de Caldas e no Campeonato Pan-Americano sub-15 realizado no México. Estou certo que o País será bem representado por esses jovens talentos. E para eles será um privilégio participar de um evento dessa magnitude, no palco onde foi realizada uma Olimpíada” comentou Kenji Sato, coordenador técnico das equipes de base da CBJ e que selecionou os atletas junto com os técnicos Andrea Berti e Fulvio Miyata.

Além dos quatro atletas já citados, a delegação é composta ainda por Sabrina Araujo (52kg), Bruna Nesi (57kg), Anny Ribeiro(+63kg), André Humberto (73kg), Conrado Oliveira (81kg) e Clovis Braga Junior (+81kg).


Com informações do Comitê Olímpico Brasileiro
Fotos: Ismar Ingber / COB

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Breno Viola chega ao terceiro Dan



O polivalente atleta Breno Viola deu mais um passo na sua vitoriosa carreira como judoca. No mês passado, o atleta com Síndrome de Down prestou o exame e chegou ao terceiro dan.

“Estou muito feliz, é uma experiência sensacional. Queria agradecer ao Marco Aurélio Gama pelo carinho e também à comissão de grau, principalmente aos professores William e Zequinha”, comenta Breno.

A caminhada do atleta no esporte começou aos 3 anos de idade, em forma de brincadeira com a família. O menino cresceu e descobriu que tinha talento para o judô. Em 2002, tornou-se o primeiro brasileiro com Síndrome de Down a conquistar a faixa preta. Em 2006, conquistou o ouro na categoria -66kg e um bronze na categoria absoluto no “Judô For All”, disputado na Itália. Em 2011, foi quarto colocado no "Special Olympics Summer Games", as Olimpíadas das pessoas com deficiência intelectual, realizado na Grécia. Um exemplo de luta contra o preconceito.

“Eu nunca tive isso na minha cabeça. Se eu sou bom de judô, sou bom de judô. As crianças deveriam se mirar no meu exemplo: praticar esportes, sair da rua. Basta acreditar no seu sonho que você consegue", afirma Breno, que agora busca a classificação para a próxima edição do Special Olympics, que será disputado em Los Angeles em 2015.

E Viola segue à risca o seu próprio conselho. Além de judô, o atleta também já foi praticante de jiu-jitsu, de natação e vela, além de fazer aulas de dança por mais de uma década.

"Breno é um exemplo de busca pela igualdade. Ele é expecional sim, na concepção maior da palavra, no sentido de ser uma exceção. É um grande desportista e, para nós, é um exemplo de vida", afirma Ney Wilson, coordenador da seleção brasileira de judô e ex-técnico de Viola.

Breno também é ator (é um dos protagonistas do filme “Colegas”), escreve para um blog e é árbitro estagiário.

"Eu trabalhei muito a auto-estima dele, conversei com os irmãos e disse que o Breno tinha que se sentir muito seguro, tranquilo, amado e protegido. O Breno foi educado sem pena e com rigor. E acho que essa atmosfera o ajudou a conquistar tudo isso e fazer do Breno uma pessoa feliz. Esse foi meu objetivo primeiro quando ele nasceu. Pedi a Deus: me ajuda a fazer o Breno feliz ", diz Suely Viola, mãe de Breno.

Mas quem pensa que o atleta de 32 anos está satisfeito com as realizações até agora está enganado. Breno continua sonhando e já traçou uma meta ambiciosa: participar dos Jogos Paralímpicos. Por enquanto, não há uma categoria no judô para pessoas com deficiência intelectual. Atualmente, a modalidade é disputada no evento somente por pessoas com deficiência visual.

“A deficiência intelectual voltou a ser contemplada nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012. Em Atenas 2004 e Beijing 2008, pessoas com esta deficiência não participaram dos eventos. O retorno em Londres envolve uma nova formatação dos processos de avaliação dos atletas, buscando maior igualdade de condições na competição, o que, de fato, para o judô é algo muito positivo. Temos o Breno hoje como embaixador do Judô para Síndrome de Down e da luta pela abertura da sua classe nos Jogos Paralímpicos. Quem sabe em 2016 o Judô para a classe de deficientes intelectuais não possa estar como uma modalidade de apresentação?”, comenta Leonardo Mataruna, ex-técnico de Breno e especialista em esportes e atividade física motora adaptada para pessoas com deficiência.

“Gostaria muito de participar dos Jogos Paralímpicos, seria interessante representar meu país. Tenho o sonho de conquistar mais coisas”, disse Breno Viola.

E que ninguém duvide dele.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Atleta de MS representa seleção em festival de judô na Austrália



A sul-mato-grossense Gratychewa Farias, de 15 anos, irá representar a seleção brasileira de judô durante o Festival Olímpico da Juventude, que acontece na Austrália, entre 16 e 20 de janeiro.

Na próxima semana a atleta de Dourados viaja para encontrar a delegação no Rio de Janeiro para seguir seu destino do outro lado do mundo.

Está será a segunda vez que Gratychewa representará a seleção nacional no exterior. “Já estive com a equipe brasileira na Europa, logo na primeira vez que fui convocada. Agora estou ansiosa, mas me sinto realizada, é um sonho, uma oportunidade de ouro que conquistei com muito esforço; é uma verdadeira honra”, disse a jovem lutadora ao site Gazeta MS.

No currículo, a douradense leva a marca de campeã regional e brasileira juvenil, quinta nas Olimpíadas Escolares categoria até 63 quilos, bronze no Circuito Europeu Sub-20 em Berlim (Alemanha), e sétimo lugar em outra etapa do mesmo evento realizada em Praga (República Checa).